quarta-feira, 7 de abril de 2010

HOJE FALO EU DE ARBITRAGEM (4) - CARLOS BACALHAU

É sempre complicado falar-se de Arbitragem, pois por vezes refugiamo-nos em quem arbitra para desculpar os nossos fracassos ou a nossa prestação menos conseguida em qualquer desafio, mas agora deparo-me com este convite de um bom amigo e bom árbitro, uma pessoa que tem feito um magnifico trabalho em prol do Futebol Distrital e por isso não poderia recusar.
A questão da arbitragem é um problema muito amplo e com difícil resolução, mas se as entidades responsáveis assim o quiserem e se empenharem, conseguirão melhorar a má imagem com que são vistos actualmente.
Em primeiro lugar penso que deveria haver um maior trabalho junto das Escolas, por exemplo nas aulas de Educação Física, para cativar mais jovens a ir para a arbitragem. Mostrar as coisas boas da arbitragem, as boas experiências vividas na arbitragem, com árbitros a darem o seu testemunho e a contarem a sua história. É importante que haja mais árbitros, pois neste momento existem poucos árbitros e depois esses poucos têm de fazer muito jogos e o seu desempenho acaba por ser prejudicado também pelo cansaço e falta de preparação do jogo.
Por outro lado, apesar de já me ter sido dito informalmente que é pedido aos árbitros para não falarem com os atletas e dirigentes, eu continuo a achar que a equipa de arbitragem deve ter um papel de maior proximidade e elucidativo para com os intervenientes do jogo. É por isso que considero desde há alguns anos o Sr. Paulo Forca o melhor árbitro do distrito, pois apesar de também errar como os outros, a sua atitude sempre de tentar ouvir os atletas e lhe explicar o que está a marcar, acaba por acalmar e controlar melhor o jogo. Ao contrário de outros árbitros que com uma postura mais arrogante acabam por “enervar” ainda mais os atletas ou dirigentes.
Em relação à profissionalização dos árbitros, apesar de ainda não estar muito por dentro da forma como se tenciona fazer isso, eu sou favorável e acho que assim poderíamos exigir mais dos árbitros. Para além de atrair mais gente para a arbitragem, esta medida iria fazer com que os árbitros tivessem mais tempo para se prepararem não só a nível físico, mas também a nível teórico das Leis do Jogo e assim certamente que iria melhorar a imagem dos árbitros.
Ainda falando da arbitragem a um nível mais nacional, desde há algum tempo que defendo que os árbitros também deviam ir à conferência de imprensa no final dos jogos, tal como os jogadores e os dirigentes. Após o término do jogo e do merecido banho, o trio de arbitragem sentava-se na Sala de Imprensa e era questionado pelos jornalistas, sobre os 3 ou 4 lances mais polémicos do jogo. Aí, o árbitro iria dizer o que viu e assinalou no jogo. Assim poderíamos começar a perceber melhor o ponto de vista do árbitro e muitas vezes até sairia muito mais desculpado por parte dos adeptos, que ao contrário do árbitro, podemos ver cada lance várias vezes e de vários ângulos.
Para se melhorar a arbitragem é preciso melhorar a imagem e por isso é muito importante que as pessoas comecem a ver os árbitros como mais uns simples intervenientes no espetáculo, em vez de ver estes sempre como culpados de tudo o que de mal acontece à sua equipa.
É importante também que a equipa de arbitragem esteja preparada, tal como os jogadores, para os jogos ao fim de semana, e nesse sentido penso que foi muito positivo o inicio dos treinos nos vários núcleos de árbitros. Ao nivel teórico também é importante que haja formação continua, pois as regras de jogo estão sempre a mudar e é importante os árbitros estarem a par dessas situações. Este ano tenho acompanhado mais o Futsal distrital e deparo-me muitas vezes com árbitros que não estão bem por dentro das regras do Futsal. E se os árbitros não sabem bem as regras, como é que querem que os outros intervenientes saibam? É aqui que concordo com o Mister Vitor Pires que no outro dia dizia que no inicio de cada época se devia chamar os árbitros e treinadores (e até os capitães por exemplo) para todos aprenderem as regras em vigor para essa época e assim podiam-se evitar muitas das confusões que existem no futebol anualmente.
Por fim, e porque já vai longo, gostaria de falar de algo a que eu dou muita importância na minha vida, a Justiça. Ser-se árbitro, tem de se ser justo, não pode haver dois pesos e duas medidas, tanto dentro de campo como cá fora. Lá dentro, tem de se tratar as duas equipas da mesma forma, os jogadores e dirigentes tudo igual, não interessa se são de um clube grande ou pequeno, ou se ganham muito ou pouco. E cá fora também não gosto que haja proteccionismo por ser este ou aquele, ou por se ser familiar deste ou daquele. Os árbitros bons têm de ser reconhecidos e valorizados, independentemente da zona, familia ou profissão, enquanto que os mais fracos, que até não têm vocação para apitar, não podem ser levados ao colo só por estarem bem “calçados”. Temos de ser justos e reconhecer o valor a quem o tem.
Para me despedir queria desejar um bom resto de época a todos os árbitros e agradecer ao blogmaster pelo excelente trabalho que tem feito neste blog em prol da arbitragem e pelo convite que me endereçou. Abraço e até breve!

Carlos Bacalhau
(Blogmaster do Força Azul e Presidente do Futsal Borbense)

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